30.7.08

Lembra-te.

Questiono quão saudável poderá ser a vontade de ti na ausência de certeza. Tornas-te sempre num sabor agridoce que não sei deixar de ansiar, justificando (quase) tudo, que parece sempre tão pouco. Trocas-me as voltas sem volta a voltar em algo que não volta e me envolta e me... prende! Serás tu o carrasco ou sou eu a idiota?
Eneias-me, irritas-me, fazes-me cerrar as portas que quero abrir. Sempre quando te quero convidar a entrar. Trocas-me, e eu não gosto. Puxas-me e seduzes com tão pouco! Que merda.
Detesto não saber nem ter legitimidade para procurar. Detesto não conhecer.
Detesto não saber puxar-te para mim, aqui aninhado e calmo a dormir aqui à minha beira. Detesto não poder escutar-te respirar. Não te acarinhar nem tão pouco ter a omnisciência para me sossegar.
Queria dançar, rir e ter espaço para te cativar. Mas nem todas as ferramentas de que dispomos nos afastam da preguiça de conquistar e os meus meios parecem-me tão iguais aos de tantas outras que fazem uso de outras artes que não as minhas.
Não sei o que pensar, sem de deva abrir espaço para sentir - mais.
As compensações deixaram de chegar-me. Ouvir, ver e digerir outras informações que não as de ti parece absurdo agora. Sem te (me) querer assustar encontro no vazio de mais um dia o sustento para uma vida que tento agarrar, tão mais sozinha que ontem.
Só precisava de agarrar o tempo e com ele suspender-te assim fora do espaço, puxar-nos para fora do frenesim do que parece ser - e assim se torna aos olhos que não observam. Sossega-me ou não me digas mais nada. Defende as palavras que estão agora no limiar da idiotice, da sofreguidão e do saciar que nos parece tão bom mas arrisca quase sempre deixar um pedaço maior de nada. Sinto-me quase como Kohut, que fecha instintivamente o que já não sabe abrir e acaba a implodir com fracturas em si e uma exposição melindrosa aos demais.
Enfim, já chegaste. Outra vez sem ti.

(não te volto a ligar)

Sem comentários: