9.2.10

Voglio te

Parece que quando venho aqui é sempre para descarregar alguma coisa que trago por estas noites. Pois agora não quero. Quero dizer-te como encaixas tão perfeitamente em mim, como tudo se resume à vontade de entrar em ti e te possuir, sabendo que não o consigo fazer por inteiro. Talvez te transformes num fantasma acorrentado tal como o tal do Natal passado, mas isso não interessa na maior parte das vezes. Acarinho a tua presença sobre o meu ombro, os teus sussurros nos meus lábios quando me perguntas quem somos e não sei dizer, quando me tocas o corpo e sinto-te respirar as mais suadas confissões. Meu Deus, como te quero tanto sem te saber quando ou onde ou, mais importante que isso, se.

Com me prendi assim a ti naquela noite em que os teus olhos entraram nos meus. Como me deixei seduzir por algo que sabia não querer e como me levaste ao fim dos meus desejos sem te querer nunca. Como adiei o prazer de nos amarmos e sob as nuvens daquela tarde te perdi. Como deixei que as ânsias de nós se perdessem enquanto podíamos ver a Frida para que ela te ajudasse a compreender quem sou. Como escapas assim de mim neste Inverno, como sempre perco no Inverno por não me deixar levar contigo para tão longe quanto gostaria de ir.
Como hesitei e hesito dada a minha estúpida cobardia em buscar-te e compreender isto de nós.
Como tento compreender e esquecer-me por momentos para que possa sentir a liberdade de não estar assim tão presa a nada. Ao que nos deixámos. Ao que deixei que ditassem por mim, no caso.

Espero sempre pelo milagre do dia em que nos olhamos outra vez com o saber espelhado de nos querermos mais e mais. Espero pelo dia em seja conveniente, em que ganhemos coragem. Tu, já não sei... Não sei o que pensar ou expectar de uma ausência sempre tão longa em que voltas e eu não te espero e não sei como reagir ao teu toque. E sou sempre tola e infantil e não digo o que quero e digo menos do que devia e sempre soando tão mal. E depois surpreendo-me com quem te agarra de vestido vermelho sangue e te toca e te beija e fujo sem acreditar no que os meus olhos vêem. E pedes-me desculpa não sei esperando que resposta. Nenhuma, a que mereces.


Trago apenas a certeza que não sou vulgar, ou igual a todos os beijos que um dia te poderão dar, todas as quecas que poderás ter ou todos os olhares penetrantes que possam vir um destes dias. E surpreende-me que não reajas aos meus olhos suplicantes por compreesão. Por necessitar de compreender um dia o que foi de nós, palavra que penso não ter inventado... De outro modo estarei louca (por ti, sim) e a tua força sobre mim será a mais vil de todas as que terei de suportar. E por fim penso: Para quê tudo isto? Tu nem tão pouco te interessas em saber.

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